Quando tudo encaixa na perfeição

Relatório elaborado por Michael Kriegel, Department Head DACHSER Chem Logistics 

As cadeias de abastecimento globais atuais estão sujeitas a um nível de tensão que não se via há muito tempo, devido a crises, guerras e fatores geopolíticos. Como e até que ponto o comércio precisa de se recalibrar para esta nova realidade é uma questão de debate entre os economistas. Alguns falam de desacoplamento, outros de desglobalização, e outros, ainda, contam com uma maior diversificação e novas formas de cooperação entre sistemas e mercados.

O facto é que, atualmente, os diferentes mercados do mundo estão a evoluir a velocidades muito diferentes. Em 2008, a produção económica dos EUA e da Europa era idêntica, mas a dos EUA é agora 80% superior. No futuro, o crescimento global continuará a registar-se sobretudo fora da Europa. De acordo com as estimativas do Fundo Monetário Internacional, a contribuição dos países da região Ásia-Pacífico (APAC) para o produto interno bruto mundial deverá aumentar para mais de 40% até 2040 - e representará mais de metade até 2050. A APAC já representa cerca de dois terços do mercado global de produtos químicos. O maior e mais dinâmico mercado químico, de longe - que concentra mais de metade da produção mundial de produtos químicos - é e continuará a ser a China. Embora a economia do país esteja atualmente a atravessar uma fase difícil, a longo prazo, a procura de produtos químicos na China aumentará muito mais acentuadamente do que na Europa ou nas Américas. As empresas precisam de se preparar para esta mudança.

Aumento das exportações da indústria química alemã

Vislumbram-se alguns sinais de luz no horizonte. Desde o início do ano, as exportações alemãs de produtos químicos, em particular, ganharam ritmo. A produção aumentou 3% em relação a um ano anterior extremamente fraco. Os negócios cresceram, especialmente com clientes fora da Europa, devido a um aumento da procura nesses países e a armazéns vazios nas indústrias clientes, o que levou a um aumento do número de encomendas recebidas. De acordo com um comunicado da Associação Alemã da Indústria Química (Verband der Chemischen Industrie e.V., ou VCI), as receitas internacionais no primeiro trimestre de 2024 aumentaram 3,6% em relação ao trimestre anterior. No entanto, os valores da produção e das receitas da indústria química em geral são cerca de 11% inferiores aos registados antes da crise. Neste momento, a situação está a evoluir num sentido positivo, mas ainda vai demorar algum tempo até que as melhorias compensem as perdas do ano anterior.

O ponto fraco mantém-se na Alemanha como local de implantação da indústria química. As principais empresas químicas deste país referem que, para além da falta de encomendas, as suas principais preocupações são os preços da energia e a burocracia. Um inquérito recente da VCI revela que mais de 70 por cento destas empresas acreditam que são fortemente prejudicadas pelos requisitos regulamentares, sendo a crescente burocracia um desafio importante.

O principal impulso está a surgir nos mercados fora da Alemanha, e a indústria química do país espera que as exportações aumentem nos próximos meses. Com muitos mercados internacionais em recuperação económica, é provável que a procura de produtos químicos “made in Germany” aumente.

Christian Kille, professor de Logística de Retalho e Gestão de Operações na Universidade Técnica de Ciências Aplicadas de Würzburg-Schweinfurt, está a trabalhar com o Dr. Andreas Backhaus num estudo no qual analisam os efeitos das mudanças globais na Alemanha enquanto localização logística e nas decisões logísticas das empresas. O estudo dos dois especialistas será publicado em outubro de 2024 e é patrocinado pela DACHSER Chem Logistics.

O melhor de dois mundos

Embora as expectativas na Alemanha, em particular, continuem a ser reservadas, os mercados em crescimento noutras partes do mundo são motivo de confiança. Atualmente, os principais motores de crescimento da economia mundial são a APAC e a América do Norte. Para a DACHSER, enquanto operador de serviços logísticos, isto exige uma maior integração entre os transportes internacionais e a sua rede europeia de transportes terrestres, de grande capacidade, com o objetivo de criar, nos próximos anos, uma solução de grupagem global, porta-a-porta, e sem falhas. Trata-se aqui de conjugar um grande número de soluções individuais para formar uma solução global holística e coerente da Europa para o mundo e do mundo para a Europa. No futuro, os dois mundos estarão unidos: o negócio europeu de grupagem e o negócio de transporte aéreo e marítimo. O nosso objetivo é estabelecer essa rede global de grupagem. Este tipo de integração de rede abrangente é um grande desafio e não pode ser realizado da noite para o dia. Mas nós já preparámos o caminho.

Um dos pilares desta integração global, que abrange todo o mercado da logística e do transporte aéreo e marítimo, é a rede de transporte terrestre de grupagem da DACHSER. Com o seu elevado grau de estandardização e integração, serve de base a um crescimento orgânico e orientado para a criação de valor. As nossas mais recentes aquisições estratégicas permitem-nos ir mais longe. Mesmo numa altura em que as receitas da empresa e as dos seus concorrentes sofreram um golpe sério, a DACHSER realizou investimentos a longo prazo e sustentáveis na sua rede. Adquiriu, por exemplo, 80% da atividade de grupagem e de logística contratual do seu parceiro de longa data FERCAM em Itália. Depois da Graveleau em França e da Azkar em Espanha, esta é a terceira maior aquisição na história da DACHSER. A joint venture DACHSER & Fercam Italia iniciou as suas operações a 1 de abril de 2024. Três outras transações em 2023 expandiram a rede de transporte aéreo e marítimo de mercadorias no exterior: a aquisição da ACA International, com sede em Melbourne, trouxe a Austrália e a Nova Zelândia para o negócio de carga aérea e marítima da DACHSER. Seguiu-se uma joint venture com a Nishi-Nippon no Japão. Por último, na África do Sul, a DACHSER adquiriu os restantes 30% das participações da sua joint venture, criada em 2011.